sábado, 5 de fevereiro de 2011

Pequena Alternância



Como pode o nada
ocupar tanto espaço?
Por que o vazio
pesa sobre mim desta forma?
Não entendo como
posso estar tão só
rodeado de pessoas.
Nem ao menos
por que é tão fácil
alguém não gostar da gente.
E dizem que temos o dom de amar
não acredito nisso.
Penso ser nato das pessoas
a falsidade e a inveja.
Não há sentimento
mais repugnante.
[se posso chamar de sentimento]
Meu estômago está embrulhado
minha alma está deprimida
meu coração está despedaçado
minha força está exaurida.
Preciso encontrar um motivo,
talvez uma desculpa tola
ou um falso sentimento de alento.
Na verdade há muito
já não escrevia assim.
E já nem sei se fico contente
em voltar com inspiração.
Ou quem sabe preocupado,
por voltar a estar doente.
E como os poetas
de corações moribundos
escrever versos tristes.
Ver daqui o mundo, nas linhas
e somente nas estrofes
permanecer de longe sozinho
na eterna solidão dos dias
estar sempre calado.
Não busco realmente
qualquer compreensão.
Pois sempre que ouvimos palavras
é a cantiga dos hipócritas de plantão.
Desses dispenso comentários
pois pensa-los requer esforço.
Esforçar-me por coisas vãs
de nada vale a recompensa.
Enfim prefiro estas letras
pois elas já me falam por si só.
Até hoje apenas me abandonaram
quando quis ser “normal”
tentando curar o dom de sofrer em versos.
[e até paguei por isso]
Ah, arrependimento eterno...
Mas hoje volto a escrever
e deixo neste poema
versos expressados com sinceridade.
Palavras ditas do coração
de alguém que enfim
desistiu de andar na contramão.

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