terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O Banco



Era uma visita constante...
Mesma hora, mesmo dia da semana.
Sentava sempre no mesmo banco.
Mesmo paletó, mesmo sapato.
Do fundo das lentes grossas, jazia um olhar triste.
E tão logo como sempre, o telefone tocava.
Conversa rápida, parecia fria.
Quem seria seu interlocutor?
Então logo levantava.
Para onde sempre em seguida ele ia?
Quem seria?
Qual seu nome, idade e profissão?
Aos meus olhos apenas mais um na multidão.
Será que alguém também me ve assim?
Será que somos notados nesse oceano de horas corriqueiras e rotineiras?
Depois de um tempo nunca mais o vi.
Quem sabe mudou-se.
Ou talvez cansou-se daquele banco.
Será que ainda recebe sempre a mesma ligação?
De tudo me restou o tédio.
E agora ter apenas para olhar esse enorme prédio.
Alias, fora essa pequena praça e seu banco.
Me restou ver a selva de pedra que me cerca.
E assim sigo os dias, com preguiça de fazer outros planos.
E apenas esperando que outro alguém sente, naquele banco.

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